segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Briga de mineradoras...

Que briguem!

Mineradoras agora brigam por fertilizantes

Em janeiro, Vale comprou a Fosfértil e BHP Billiton adquiriu Athabasca

Mônica Ciarelli e Natália Gomez








De olho na crescente demanda mundial por alimentos, em especial na China, as grandes mineradoras caminham para ter papel de destaque no processo de consolidação do setor de fertilizantes. A brasileira Vale saiu na frente e comprou no final de janeiro o controle da Fosfértil. Um dia depois, foi a vez da anglo-australiana BHP Billiton seguir na mesma direção e adquirir a empresa canadense de fertilizantes Athabasca Potash por US$ 320 milhões.

"No setor de fertilizantes é preciso ter escala para ser competitivo e o setor tem sinergias com a atividade de mineração. Acho que é um modelo de negócio que se encaixa muito bem com o das mineradoras globais", avalia Gilberto Cardoso, analista do Banif, que prevê novas movimentações pelas grandes mineradoras.

Além da compra da Athabasca, a BHP aprovou no início do ano um investimento de US$ 240 milhões para a implementação da primeira fase de seu projeto de potássio chamado Jansen, também no Canadá. Já a brasileira Vale intensificou o crescimento no segmento de fertilizantes no ano passado, quando chegou a estudar a compra da gigante americana Mosaic, mas a operação não saiu do papel. No mesmo ano, a brasileira deu passos importantes ao comprar ativos de fertilizantes da Rio Tinto na Argentina e no Canadá.

Marcos Assumpção, da Itaú Securities, acredita que as mineradoras Vale e a BHP terão papel de destaque na consolidação, com novas aquisições no segmento de fertilizantes. Segundo ele, a empresa brasileira é hoje uma candidata a compra da Copebrás, subsidiária no País de fertilizantes de outra grande mineradora, a Rio Tinto. Até o momento, a Vale não se pronunciou sobre o assunto, apesar de ter sinergias com o ativo.

O analista da Itaú Securities enxerga como positivo o movimento da Vale e da BHP na direção dos fertilizantes por promover uma maior diversificação. Hoje, as duas empresas são muito concentradas na produção de minério de ferro, mercado que depende do crescimento de projetos de infraestrutura em países em desenvolvimento.

Já o segmento de fertilizantes tem seu faturamento mais relacionado ao consumo mundial de alimentos. A geografia é outro ponto favorável. Ao contrário do minério, o setor de fertilizantes é um mercado forte também fora da Ásia, com destaque para os Estados Unidos e Brasil.

Dados da Associação Nacional da Difusão de Adubos (Anda) mostram que o Brasil é hoje o quarto maior consumidor de fertilizantes, atrás dos Estados Unidos, Índia e China. Para analistas, a entrada das mineradoras trará maior disciplina na oferta do insumo, o que pode beneficiar os preços praticados nesse mercado.

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